CANDONGUEIRO
– WILSON MOREIRA
Eu vou-me embora, pra Minas
Gerais agora.
E vou pela estrada afora, tocando
meu candongueiro, ô!
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola, mas
tenho meu candongueiro.
Eu vou-me embora, pra Minas Gerais
agora.
E vou pela estrada afora, tocando
meu candongueiro, ô!
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola, mas
tenho meu candongueiro.
No cativeiro, quando estava
capiongo,
Meu avô cantava jongo, pra poder
segurar, ô!
A escravaria quando ouvia o
candongueiro
Vinha logo pro terreiro, para
saracotear
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora, pra Minas
Gerais agora.
E vou pela estrada afora, tocando
meu candongueiro, ô!
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola, mas
tenho meu candongueiro.
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora, pra Minas
Gerais agora.
E vou pela estrada a fora,
tocando meu candongueiro, ô!
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola, mas
tenho meu candongueiro.
Meu candongueiro bate jongo dia e
noite.
Só não bate quando o açoite quer
mandar ele bater, ô!
Também não bate, quando seu
dinheiro manda,
Isto aqui não é quitanda pra
pagar e receber.
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora, pra Minas
Gerais agora.
E vou pela estrada a fora,
tocando meu candongueiro, ô!
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola, mas
tenho meu candongueiro.
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora, pra Minas
Gerais agora.
E vou pela estrada a fora,
tocando meu candongueiro, ô!
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola, mas
tenho meu candongueiro.
Meu candongueiro tem mania de
demanda.
Quem não é da minha banda, pode
logo debandar, ô!
Pra vir comigo tem que ser bom
companheiro
Ser sincero e verdadeiro, pra
poder me acompanhar
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora, pra Minas
Gerais agora.
E vou pela estrada a fora,
tocando meu candongueiro, ô!
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola, mas
tenho meu candongueiro.
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora, pra Minas
Gerais agora.
E vou pela estrada a fora,
tocando meu candongueiro, ô!
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola, mas
tenho meu candongueiro.
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