CONSTRUÇÃO
– ERLON CHAVES
Amou daquela vez como se fosse a
última
Beijou sua mulher como se fosse a
última
E cada filho seu como se fosse o
único
E atravessou a rua com seu passo
tímido
Subiu a construção como se fosse
máquina
Ergueu no patamar quatro paredes
sólidas
Tijolo com tijolo num desenho
mágico
Seus olhos embotados de cimento e
lágrima
Sentou pra descansar como se
fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se
fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um
náufrago
Dançou e gargalhou como se
ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse
um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um
pássaro
E se acabou no chão feito um
pacote flácido
Agonizou no meio do passeio
público
Morreu na contramão atrapalhando
o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o
último
Beijou sua mulher como se fosse a
única
E cada filho seu como se fosse o
pródigo
E atravessou a rua com seu passo
bêbado
Subiu a construção como se fosse
sólido
Ergueu no patamar quatro paredes
mágicas
Tijolo com tijolo num desenho
lógico
Seus olhos embotados de cimento e
tráfego
Sentou pra descansar como se
fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se
fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse
máquina
Dançou e gargalhou como se fosse
o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse
música
E flutuou no ar como se fosse
sábado
E se acabou no chão feito um
pacote tímido
Agonizou no meio do passeio
náufrago
Morreu na contramão atrapalhando
o público
Amou daquela vez como se fosse
máquina
Beijou sua mulher como se fosse
lógico
Ergueu no patamar quatro paredes
flácidas
Sentou pra descansar como se
fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um
príncipe
E se acabou no chão feito um
pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando
o sábado
Morreu na contramão atrapalhando
o sábado
Morreu na contramão atrapalhando
o sábado
Morreu na contramão atrapalhando
o sábado
Morreu na contramão atrapalhando
o sábado
Morreu na contramão atrapalhando
o sábado
Morreu na contramão atrapalhando
o sábado
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