POEMA
RITMICO DO MALANDRO – SÔNIA SANTOS
Subindo ou descendo o morro
cadente.
Sugando-se o máximo, o mais
atraente.
Lá vai o malandro, o dono do
mundo!
Se pensam que é fácil levar esta
vida
Enganam-se, caros, posição
atrevida,
É demais o cansaço, terrível o
duro.
Jogar o baralho, jogar capoeira,
Fazer samba à toa, beber noite
inteira!
Que vida mais besta, que coisa
mais linda.
Ser bamba no morro, ser sambista
de fato.
Dizer: "nunca corro, me
matam ou mato!".
Ter uma mulata por inspiração
Pra fazer mais amor e ouvir seu
violão!
Ô vida difícil, ô vida cansada,
Mas mudar de vida que nada que
nada!
Mas chega um dia, na maior
delícia.
Ninguém no desdenho protege a
polícia
É que ficou louco o mundo, a
cidade.
A puta luxúria e a vaidade.
Chegou carnaval, chegou carnaval!
Ninguém quer ninguém, todos
querem tudo
aqui tudo vale qualquer absurdo
E é nesse dia, assaz, diferente.
Que o malandro é mais homem no
meio da gente!
As mãos bater nunca sapateia nas
palmas
Ao lado das negras é o partido
alto
E samba malandro, e samba mulata.
Mostrem mais um sentido da vida
ingrata!
Depois do crioulo, depois a
mulata.
Botando um amor depois dessa
data,
Lá de cima, felizes, contemplando
a cidade.
Ficou sem favor!
Escrevemos samba no asfalto
selvagem
No asfalto selvagem
Escrevemos samba com asfalto
selvagem
E bem malandro, mas vem mulata.
Pra fazer samba é no asfalto
selvagem
E samba malandro
E samba mulata
Mostrem mais um...
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