CANDONGUEIRO
/ COISA DA ANTIGA – PEDRO MIRANDA – ALFREDO DEL PENHO
Eu vou-me embora pra Minas Gerais
agora
Eu vou pela estrada afora
Tocando meu candongueiro, oi
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola
Mas tenho meu candongueiro
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora pra Minas Gerais
agora
Eu vou pela estrada afora
Tocando meu candongueiro, oi
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola
Mas tenho meu candongueiro
No cativeiro
Quando estava capiongo
Meu avô tocava jongo
Pra poder segurar, oi
A escravaria
Quando ouvia o candongueiro
Vinha logo pro terreiro
Para saracotear
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora pra Minas Gerais
agora
Eu vou pela estrada afora
Tocando meu candongueiro, oi
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola
Mas tenho meu candongueiro
Meu candongueiro
Bate jongo dia e noite
Só não bate quando o açoite
Quer mandar ele bater, oi
Também não bate
Quando seu dinheiro manda
Isso aqui não é quitanda
Pra pagar e receber
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora pra Minas Gerais
agora
Eu vou pela estrada afora
Tocando meu candongueiro, oi
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola
Mas tenho meu candongueiro
Meu candongueiro
Tem mania de demanda
Quem não é da minha banda
Pode logo debandar, oi
Pra vir comigo
Tem que ser bom companheiro
Ser sincero e verdadeiro
Pra poder me acompanhar
Eu vou-me embora
Eu vou-me embora pra Minas Gerais
agora
Eu vou pela estrada afora
Tocando meu candongueiro
Eu sou de Angola, bisneto de
quilombola
Não tive e não tenho escola
Mas tenho meu candongueiro
Na tina
Vovó lavou, vovó lavou
A roupa que mamãe vestiu quando
foi batizada
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
Hoje mamãe me falou de vovó só de
vovó
Disse que no tempo dela
Era bem melhor
Mesmo agachada na tina e soprando
no ferro de carvão
Tinha-se mais amizade
E mais consideração
Disse que naquele tempo a palavra
de um mero cidadão
Valia mais que hoje em dia
Uma nota de milhão
Disse afinal que o que é de
verdade ninguém mais hoje liga
Isso é coisa da antiga, ô na tina
Na tina
Vovó lavou, vovó lavou
A roupa que mamãe vestiu quando
foi batizada
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
Hoje o olhar de mamãe marejou só
marejou
Quando se lembrou do velho
O meu bisavô
Disse que ele foi escravo, mas
não se entregou à escravidão
Sempre vivia fugindo
E arrumando confusão
Disse pra mim que essa história
do meu bisavô, negro fujão
Devia servir de exemplo
A esses nego pai João
Disse afinal que o que é de
verdade ninguém mais hoje liga
Isso é coisa da antiga
Ô na tina
Na tina
Vovó lavou, vovó lavou
A roupa que mamãe vestiu quando
foi batizada
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
E mamãe quando era menina teve
que passar
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de
engomar
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