Resumo dos samba-rock

domingo, 3 de novembro de 2024

MARACATU DO MEU AVÔ - ALCIONE

MARACATU DO MEU AVÔ - ALCIONE

(Nei Lopes / Leonardo Bruno)

 

Meu avô nasceu onde o sol morre

E se afoga em fogo em pleno mar

Onde o vento arma tanque e vem do norte

Cospe rubras fagulhas pelo ar

Meu avô tinha ofício de ferreiro

E quem mexe na forja é Ogum

Que nascendo ferreiro foi guerreiro

Meu avô não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Uma noite no golfo de Berlim

Galeotas, galeras, galeões

Desembarcaram mercadores

Corsários, nautas e canhões

Vinham em busca do ouro ashanti

Simulando interesse ter nenhum

Meu avô olhou dentro dos meus olhos

Meu avô não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Meu avô descobriu pros navegantes

Os dosséis do Songhai e do Mali

E lhes presenteou com sua alma

Entalhada em ébano e marfim

Revelou-lhes os bronzes do Ifé

E a grandeza infinita de Olorum

Meu avô conversava com Ifá

Meu avô não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Mas um dia esse avô foi barganhado

Por um bacamarte de metal

Três alfanjes, um chapéu rendado

Umas duas fiadas de coral

Mais um rolo de folhas de tabaco

Seis retalhos e três galões de rum

Isso e mais vinte e três lenços de linho

Ney avô não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

Não foi qualquer um

 

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