MARACATU DO MEU AVÔ - ALCIONE
(Nei Lopes /
Leonardo Bruno)
Meu avô
nasceu onde o sol morre
E se afoga
em fogo em pleno mar
Onde o vento
arma tanque e vem do norte
Cospe rubras
fagulhas pelo ar
Meu avô
tinha ofício de ferreiro
E quem mexe
na forja é Ogum
Que nascendo
ferreiro foi guerreiro
Meu avô não
foi qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Uma noite no
golfo de Berlim
Galeotas,
galeras, galeões
Desembarcaram
mercadores
Corsários,
nautas e canhões
Vinham em
busca do ouro ashanti
Simulando
interesse ter nenhum
Meu avô
olhou dentro dos meus olhos
Meu avô não
foi qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Meu avô
descobriu pros navegantes
Os dosséis do Songhai e do Mali
E lhes
presenteou com sua alma
Entalhada em
ébano e marfim
Revelou-lhes
os bronzes do Ifé
E a grandeza
infinita de Olorum
Meu avô
conversava com Ifá
Meu avô não
foi qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Mas um dia
esse avô foi barganhado
Por um
bacamarte de metal
Três alfanjes,
um chapéu rendado
Umas duas
fiadas de coral
Mais um rolo
de folhas de tabaco
Seis
retalhos e três galões de rum
Isso e mais
vinte e três lenços de linho
Ney avô não
foi qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Não foi
qualquer um
Letrasdesambarock.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário