ACORDO
DE MALANDRO – BEZERRA DA SILVA
Aí gente boa
Se num tem intimidade com caneta
Mete o dedão no papel que tá
assinado nosso acordo, malandro.
Mas você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
Esse morro é muito grande
Vamos fazer um tratado
Daqui pra baixo é seu
Daqui pra cima é meu lado
E não me quebre esse acordo
Senão, malandragem vai virar
presunto.
A funerária do morro
Tá me cobrando defunto
Simbora gente.
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
Diz outra vez pra marcar.
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
O seu campo tá muito minado
Perigo espreitando por todo lugar
Malandro esperto que sou
Não piso do lado de lá
Porém, você fique sabendo que tá
proibido pisar do meu lado.
Se subir, vem caminhando.
Mas descer só carregado
Simbora gente.
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
Diz outra vez pra marcar.
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
Cada um na sua área
Cada macaco em seu galho
Cada galo em seu terreiro
Cada rei no seu baralho
Duas fases positivas quando se
encontram só dá explosão
Se você quebrar nosso tratado
Vai levar eco do meu três oitão.
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
Diz outra vez pra marcar.
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Aí malandragem.
Eu não piso em seu terreno
Tudo certo.
Nem você pisa no meu
Nosso acordo tá assinado.
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
Você manda lá embaixo
Aqui em cima quem manda sou eu
Eu não piso em seu terreno
Nem você pisa no meu
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